quarta-feira, 29 de junho de 2011

Escola dos Annales primeira e segunda geração

                                

Christiane Nunes Lima*

A escola dos annales surge com uma nova concepção de interpretação da história,que põe em causa toda a historiografia tradicional.Critica as teorias metódicas e positivistas.A escola dos annales deu origem ao que chamamos de Nova História.Umas das principais formas de divulgação das idéias dos Annales foi a revista Annales d’histoire économique et sociale
Os teóricos dos annales acreditavam que a história pudesse incluir todas as atividades humanas,ou seja,pregavam uma interdisciplinaridade.E acabaram indo contra a forma metódica e positivista de pensar.
A Escola dos Annales pode ser analisada por três gerações a primeira fase defendida pelos autores e fundadores:Lucien Febvre e Marc Bloch,a segunda protagonizada por Fernand Braudel e a terceira apresenta os caminhos da Nova História
 Lucien Febvre,em sua obra intitulada “O problema da incredulidade no século XVI:A religião de Rabelais”,examina autores e textos sobre Rabelais,o mesmo discursa que não devemos considerar verdades absolutas o que tais autores dizem pois na época em que foi escrito poderia ser verdade,mas ao analisar tais textos anos mais tarde pode-se chegar a conclusão que certas afirmações podem ser refutadas e ainda mostra a dificuldade de estudar uma personagem cujas fontes são controversas.Febvre aponta que para se estudar uma época é necessário entrar naquele período através do pensamento da época estudada e não o modo de pensar de quem esta investigando tal período,ou seja,o problema do anacronismo.”...entre as maneiras de sentir,de pensar,de falar dos homens do século XVI e as nossas – não há realmente comparação...”¹
Febvre  tinha um grande interesse pela geografia histórica  e o estudo da psicologia histórica.
Marc Bloch redigiu uma grande obra intitulada “Os reis taumaturgos”,na qual podemos chegar a chamada história das mentalidades através de seu estudo sobre a credulidade do poder miraculoso dos reis da França e da Inglaterra. ”...seu livro  foi uma obra pioneira para o que hoje designamos de história das mentalidades.Pode também ser descrito como um ensaio de sociologia histórica,ou antropologia histórica,por focalizar os sistemas de crença...”²Como Febvre,ele se interessa pela geografia histórica.Bloch afirma que o historiador deve combinar habilidades de arqueólogo,paleógrafo entre outros.Pode-se notar uma grande apologia ao dialogo entre a História e as Ciências Sócias através de Bloch.Um dos apontamentos de Marc Bloch seria de que através do presente podemos levantar questões do passado,relação que os metódicos não aceitam.
Essa primeira geração dos Annales vai contra a história tradicional,a história política e história dos eventos.É possível verificar na primeira geração dos Annales ainda alguns resquícios do positivismo,alguns intelectuais se basearam no econômico e político,e alguns ainda tacharam obras de Bloch como economicistas
O autor mais importante da segunda fase dos Annales é Fernand Braudel,ele tem a característica de trabalhar um determinando período da história e identificar todos os pontos meio em que o homem estava inserido,onde podemos dar forma a uma história dos eventos e das figuras daquele fato histórico,levando-se o momento histórico,desconfigurando a história das grandes figuras.
Em seu trabalho mais importante é O Mediterrâneo e o Mundo Mediterrâneo na Época de Felipe II.Através dessa obra é dito que o espaço também é objeto de estudo do historiador,mas não igual a geografia.O historiador deve estar preocupado em analisar o espaço geográfico do lugar porém em relação ao homem,isso ficou denominado como geo-história.Podemos verificar que na primeira parte de seu livro,Braudel se utiliza bastante da geo-história,onde descreve montanhas,planícies,litorais,entre outros do Mediterrâneo.”...A verdadeira matéria do estudo é essa história do homem em relação ao seu meio,uma espécie de geografia hisórica,ou,como Braudel preferia denominar,um geo-história.A geo-história é o objeto da primeira parte do Mediterrâneo,para a qual devota quase trezentas páginas...”³
Na segunda geração dos Annales surge um grande interesse pela história econômica,principalmente pelas idéias de Marx.”...Foi com Labrousse que o marxismo começou a penetrar no grupo dos annales...” 4Nesse momento vemos o nascimento de uma história quantitativa que teve origem no campo econômico e depois no na história social.
A história das mentalidades acabou sendo posta de lado,por Braudel que não tinha grande interesse por ela,e também um grupo de historiadores que acreditavam ser mais importante a história social e econômica que outros aspectos do passado,devido também a história quantitativa não encontrar ainda sustentação para o estudo das mentalidades.
Podemos observar algumas diferenças entre os autores dos annales como Febvre e Braudel,o segundo pouco falou da história das mentalidades,como o primeiro.Vemos também que Marc Bloch tinha menos interesse pela geografia do que Lucien Febvre.
Ainda que com diferenças entres seus autores a Escola dos Annales foi um Revolução da Historiografia.



Notas:

¹FEBVRE.Lucien. O problema da incredulidade no século XVI:A religião de Rabelais.Cap.1,v.p.108
²BURKE.Peter.A Escola dos Annales:A Revolução Francesa da Historiografia.Cap.2,v.p.29 a 30
³BURKE.Peter. A Escola dos Annales:A Revolução Francesa da HistoriografiaCap.3,v.p.49
 4BURKE.Peter. A Escola dos Annales:A Revolução Francesa da HistoriografiaCap.3,v.p.68



     Bibliografia:

FEBVRE.Lucien. O problema da incredulidade no século XVI:A religião de Rabelais.Companhia das letras
DOSSE, François. A história em Migalhas: Dos Annales à Nova História. São Paulo: Ed. Ensaio, 2003.
                                                  

BURKE.Peter. A Escola dos Annales:A Revolução Francesa da Historiografia.São Paulo.Ed.Unesp,1990




 *Christiane Nunes Lima é graduanda do 7ª período de História pela Faculdade de Formação de Professores FFP/UERJ.


                                                   





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